quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A HISTÓRIA DA VINDA DA VOLKSWAGEN PARA O BRASIL


ARTIGO DE AUTORIA DO JORNALISTA JÖRG ANDRESS ELTEN, COM FOTOS DE FRED IHRT E FALA DE FRIEDRICH WILHEM SCHULTZ-WENK, O ALEMÃO QUE CONVENCEU HEINZ NORDHOFF, O DIRETOR SUPERINTENDENTE DA VOLKSWAGEN, A ABRIR UMA FILIAL NO BRASIL E CONSTRUIR UMA PORTENTOSA FÁBRICA EM SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP – BRASIL .

Este artigo foi publicado na revista alemã STERN no dia 16 de Outubro de 1966 .

Schultz-Wenk dirigiu a Volkswagen do Brasil de 1953, ano de fundação, a 1969, quando faleceu ainda jovem, aos 55 anos, vitimado por um câncer cerebral

Pelo valor histórico, achei que deveria reproduzi-lo , e passar um pouco da história da Volkswagen no Brasil, para o público do Blog Hot Kengas , espero que apreciem esta matéria...

HALLO, SENHOR VOLKSWAGEN

Ele parece exatamente o que a Metro-Goldwyn-Mayer quer em um astro de cinema: esbelto, alto, elegante, grisalho nas têmporas, olhar penetrante, sorriso de vencedor, dentes brancos e tudo isto envolto em uma colônia cara. Esta foi minha impressão quando o conheci pessoalmente pela primeira vez no Hotel Vier Jahreszeiten (nota: Quatro Estações) em Hamburgo, onde estava recebendo amigos e parceiros de negócios. Ele tinha acabado de chegar do distante Brasil. onde ele é o CEO do maior empreendimento alemão no estrangeiro: a Volkswagen do Brasil. A recepção tinha realmente a atmosfera de filme, “Bobby” (assim os seus amigos chamam o nosso homem no Brasil) era o astro e desempenhava seu papel com maestria. As referências às damas eram do tipo “A senhora está de novo arrasadora”, e aos senhores, “Eu sei como o senhor anda ocupadíssimo e mesmo assim foi maravilhoso ter vindo”. Isto saía naturalmente de seus lábios, como se tivesse decorado as linhas com o diretor. E obviamente sua imagem junto ao seu público era, mais uma vez, excelente.

Enquanto garçons de fraque passavam caviar e as rolhas de champanhe francês espocavam, para o deleite dos convidados, o anfitrião era discretamente chamado ao telefone: Rio, Londres, Zurique.

Com as últimas economias pessoais, para o Brasil


ABAIXO O TERRENO ONDE FOI CONSTRUÍDA A FÁBRICA DA VOLKSWAGEN EM SÃO BERNARDO DO CAMPO - SP .



Há dezessete anos Bobby Schultz-Wenk, que como tenente-coronel lutou na frente oeste até o fim, seguido de um breve período em campo de prisioneiros, comprou a passagem para o Brasil. Ele tinha sido um jovem entusiasta da Hitler-junge (nota: Juventude Hitlerista). Agora ele se sentia – como muitos de sua geração (1914)- amargamente traído. As fronteiras da Alemanha vencida ficaram pequenas para ele. Ele queria sair, deixar o passado para trás, e começar uma vida nova. Hoje ele pertence a elite de CEOs internacionais, é chefe de 13.000 funcionários e da maior empresa privada da América Latina, que ele, enfrentando dificuldades enormes organizou e construiu.

Ao nos despedirmos de Schultz-Wenk no saguão do hotel por volta da meia-noite, ele nos disse: "Venham ao Brasil, me visitem em São Paulo e olhem a nossa produção de besouros brasileiros." Algumas semanas mais tarde estávamos a caminho.


ABAIXO O PRÉDIO DA VW JÁ EM OBRAS



Depois de nove horas de vôo apareceu a imagem dramática do Rio de Janeiro, a cidade com a natureza mais bonita do mundo, o cartão postal do Brasil. Centenas de vezes vimos suas imagens em fotos, mas a realidade ultrapassou todas as expectativas. Encravada entre o mar e a montanha e como uma jóia reluzente no veludo macio.

A imagem de Copacabana com as ondas arrebentando contra uma faixa larga de areia para a qual dá o hotel e apartamentos de luxo nos trazem vagas lembranças de Nápoles e Hong Kong. Em nenhum lugar há uma mescla tão grande de fauna e flora tropical com a moderna civilização.

No aeroporto somos recebidos por João Corduan, alemão-sul-americano, chefe de imprensa, relações publicas e “ministro do exterior” da VW do Brasil. Com bigode, camisa esporte, ele se parece como um gentleman britânico que está representando um dono de rancho texano. Ao seu comando as malas saem da alfândega, o carro aparece e a porta da suíte do hotel Copacabana Palace, a qual é alugada o ano todo à VW do Brasil, se abre.


IMAGEM DO PÁTEO INTERNI DA FÁBRICA EM CONSTRUÇÃO



Aonde for que o VW-Corduan vá ele representa a influência e o poder de uma organização que já recolheu ao estado brasileiro 140 milhões de marcos e que tem ramificações em todos cantos deste enorme país.

O comandante do aeroporto nos acompanha pessoalmente ate o bimotor Beechcraft Queen Air que a Volkswagen nos mandou junto com dois pilotos para a viagem até São Paulo. “Nós temos amigos em todos lugares”, sorri Corduan, tirando gelo e uísque de um bar no avião depois da decolagem.

Ao entardecer aterrisamos em São Paulo. Na cidade de seis milhões de habitantes onde os prédios se espremem mostrando uma dinâmica brutal, chegamos na hora do rush. Em uma onda de Volkswagens seguimos para o Centro e Corduan confirma que de cada dois automóveis neste País, um é Volkswagen.


FACHADA DA FÁBRICA NA SAÍDA DOS FUNCIONÁRIOS



A fábrica fica a 24 quilômetros da cidade em paisagem descampada. Moderna e luxuosa com palmeiras defronte à entrada e com prédios largos e com fachadas de tijolos. Segurança uniformizada dirige um trânsito intenso. As carrocerias coloridas dos Fuscas passam no alto por trilhos do prédio de pintura para o da linha de montagem.

Aqui são produzidos 410 carros por dia entre Fuscas, Kombis e Karmann-Ghias. A matriz da Volkswagen em Wolfsburg investiu 10,6 bilhões de cruzeiros, 80 porcento pertence a ela e os restantes a um grupo familiar brasileiro (nota: Grupo Monteiro Aranha, do Rio de Janeiro). Enquanto o empreendimento estava sendo construído só houve gastos, mas agora a fabrica está madura e já pode repatriar parte dos investimentos como remessa de lucros. Os ganhos não são desprezíveis: um Fusca custa o equivalente a 10.000 marcos. O investimento alemão começa a dar frutos.


LINHA DE PRODUÇÃO



A gente poderia pensar que estivesse em Wolfsburg, se não fosse pelos muitos trabalhadores de pele morena, que aqui vestidos em macacões azuis operam com destreza prensas, soldas de ponto e chaves de parafusos elétricas. Como em todo Brasil, aqui também as raças estão misturadas. Negros e brancos trabalham lado a lado na linha de montagem junto com chineses, japoneses, indianos e índios. O poder de assimilação da terra os funde em brasileiros. Aqui não existe discriminação e brigas entre raças.


LINHA DE PRODUÇÃO



As preocupações do País são outras. A população de 85 milhões cresce a uma taxa de 3% ao ano. Isto significa dois milhões e meio de brasileiros todo ano que contemplam o analfabetismo e a fome. Na corrida contra o crescimento da população precisam ser criados 1 milhão de empregos anualmente, uma meta que está longe de ser atingida.

Apesar da inflação estar em queda, os alimentos subiram 20 por cento em um ano. A pobreza cresce. O funcionalismo público é inchado e a burocracia, péssima. Os movimentos sociais não acabam mais em confrontos dramáticos, a leve ditadura do presidente Castello Branco, que tomou o poder em março de 1964, as desarmou. Mas eles continuam e representam uma ameaça constante à estabilidade política do País.

Bobby Schultz-Wenk nos recebe de ótimo humor no refeitório da diretoria da fabrica. Móveis antigos, tapeçarias e painéis de madeira decoram o refeitório. Do outro lado da porta está o barulho de prensas da linha de montagem. Duas moças bem apessoadas em bonitos vestidos verdes nos servem o menu. “Os vestidos eu mesmo criei,” - diz o chefe da VW- "eu não suporto mulher feia perto de mim”. Depois disso ele fala de seus planos. "No ano que vem vamos fabricar 500 carros diariamente, em 1970 serão 1.000 por dia. Quando eu cheguei aqui você mal conseguia comprar um queijo e agora dêem uma olhada como isto aqui progrediu. O Brasil é um país fantástico."

Bobby paga os maiores salários do País.

“E o que sobra para o senhor pessoalmente?” - pergunto. “O senhor quer dizer o meu salário? Eu sou comissionado pelos resultados” Se o negócio não der lucro, quer dizer que eu não dei conta do recado e aí também não quero ganhar nada, mas se der lucro aí quero a minha parte. Eu acho este o sistema mais saudável. “Aqui é assim, nunca um dirigente vai trabalhar somente pelo salário”.



Durante a sobremesa, fatias de manga ao licor, pergunto como é que um dirigente alemão se dá com o sindicato de trabalhadores brasileiros. Schultz-Wenk sorri: “Aqui eu sou o meu próprio sindicato”, e Corduan acrescenta “Relações industrias aqui não têm tanta importância assim, e greve também não tem, se alguém quer fomentar uma é despedido”. Pouco tempo atrás, Schultz-Wenk aumentou a produção de uma maneira simples, ele aumentou a velocidade da linha de montagem. Na Alemanha os trabalhadores já estariam entrincheirados. No Brasil isto não é um problema. Schultz-Wenk: “Os supervisores colocam pressão no pessoal e eles correspondem de forma admirável”.

O chefe da VW pode se dar o luxo de empregar estes métodos porque ele introduziu benefícios sociais que são exemplo para o Brasil inteiro – e que muitos capitães da indústria brasileira observam com grande desconforto. A VW do Brasil paga os maiores salários do País. Os médicos da fábrica não tratam somente dos funcionários, mas de toda a família, até a hospitalização é de graça. E a excelente comida do refeitório custa somente 45 centavos. “Eu só consigo fazer um bom produto com trabalhadores satisfeitos”, comenta Schultz-Wenk. Quando três anos atrás uma greve geral paralisou o País, a VW do Brasil foi a única que continuou trabalhando a todo vapor.

A trajetória do chefe da VW brasileira começou a partir do fim da guerra. Depois de um curto tempo como prisioneiro de guerra ele assumiu a direção de um depósito de veículos de transporte sob comando dos ingleses que estavam desmobilizando seus veículos de guerra. Durante este tempo também era de sua alçada o contato com a fabrica da Volkswagen em Wolfsburg, que acabara de reiniciar sua produção. Em Wolfsburg o gerente de frota conheceu o chefão da Volkswagen, Professor Nordhoff. Foi o encontro decisivo em sua vida. Nordhoff ficou visivelmente impressionado com o charme positivo, o poder de convencimento e a atitude “mãos à obra” do jovem que cresceu na tradição comercial de Hamburgo e que demonstrava dom empresarial aliado a maneiras de homem do mundo.



Quando Schultz-Wenk, em 1949, decidiu que emigraria para o Brasil, Nordhoff o pediu para verificar a possibilidade de vender Fuscas na América do Sul. Schultz-Wenk então partiu para São Paulo como vendedor da Volkswagen. Logo que chegou viu que não iria ser fácil vender o Fusca na América do Sul. Os carros americanos dominavam o mercado. Ninguém conhecia o estranho Fusca de Wolfsburg. Mas quando Nordhoff veio em visita a São Paulo em 1950 e ofereceu a representação da Volkswagen para a América do Sul ao imigrante de Hamburgo, este não vacilou. Em cinco anos vendeu mais de 30.000 Volkswagens. Foi um negócio difícil. O Fusca precisava ser importado pelo método de compensação. Schultz-Wenk comprava produtos agrícolas no Brasil que trocava por Fuscas alemães.

Condecorado a Cavaleiro da Ordem pelo Cardeal

Em 1955, um novo decreto de importação declarava que somente empresas que se dispusessem em fabricar seus carros no Brasil poderiam operar e participar da corrida por uma fatia do mercado brasileiro. Schultz-Wenk entrou em acordo com Nordhoff para erguer uma linha de montagem. As peças viriam da Alemanha.” Começamos em um galpão de madeira a montar nossos veículos” se lembra Schultz-Wenk. Foi o começo da indústria automobilística no Brasil.

Empenhado em industrializar o País, o governo decretou que em um prazo de cinco anos o carro tinha que ser totalmente produzido no País. Schultz-Wenk sabia que depois de cinco anos não podia mais importar peças, motores, velas, carburadores, virabrequins, amortecedores, hodômetros e todo resto que compõem um veículo. Uma fábrica nova teria que ser erguida, uma pequena Wolfsburg com todo o resto. Uma tarefa enorme e complicada, pois não havia mão-de-obra qualificada, não havia indústrias de peças, faltava o know-how técnico, enfim tudo para poder fabricar um produto tão complicado que consistia de cinco mil peças individuais.

"A gente racionalmente não pode produzir todas". Schultz-Wenk, assim, teve que achar empresas que se dispusessem a fabricar no Brasil peças de que a Volkswagen iria precisar. O talento empresarial do imigrante de Hamburgo agora se mostraria: seu poder de convencimento, seu otimismo, seu empenho, dedicação, sua facilidade em fazer amigos, seu talento organizacional e trato diplomático. Schultz-Wenk estava constantemente viajando, a cada quatro semanas estava na Alemanha. “No começo a gente ainda viajava em aviões a hélice, uma viagem de 20 horas, tinha uma cama na primeira classe, era bastante confortável, eu ficava horas conversando com as aeromoças e elas me serviam o café da manhã na cama”.

Na Alemanha ele convenceu vários fornecedores de peças a abrirem filiais no Brasil e a fabricar peças. A maioria ficava desconfiada, não tinha idéia sobre o que era Brasil, mas Schultz-Wenk lhes garantia que por trás estava uma pessoa com a mais alta reputação no círculo industrial da Alemanha, o chefão da VW Heinz Nordhoff. Schultz-Wenk se refere a ele como amigo fraterno e diz “Nordhoff sempre foi brilhante”. Se não fosse a generosidade de Wolfsburg desde o começo não haveria Fusca brasileiro.

Quando Schultz-Wenk não se encontra viajando à Alemanha ou aos Estados Unidos, ele age no cenário brasileiro como diplomata da VW. “Aqui a gente só vai em frente se tiver amigos influentes” diz ele. No Brasil existem talvez 200 pessoas importantes entre ministros, governadores, generais, banqueiros e assim por diante. “Conheço todos pessoalmente”.

Com cinco Kombis por dia fabricadas à mão, Schultz-Wenk iniciou a própria produção em 1957. Dois anos depois os primeiros Fuscas seriam produzidos. Hoje a VW do Brasil é um empreendimento com valor de 600 milhões de marcos. A VW do Brasil vai ter um faturamento de um bilhão de marcos este ano e domina o mercado de automóveis brasileiro. Das cinco mil peças que compõem um Volkswagen, somente quatro são atualmente importadas da Alemanha - num valor de 11 marcos no total - e. mil e quinhentas peças são compradas de fornecedores que se estabeleceram no Brasil graças ao esforço de Schultz-Wenk. O restante é fabricado na VW do Brasil, e entre seus treze mil funcionários só restam 28 técnicos de Wolfsburg.

O imigrante de Hamburgo se tornou brasileiro, Schultz-Wenk se naturalizou. No consciente brasileiro a sua figura e o Fusca estão interligados. À minha pergunta: ”Que carro o senhor dirige”, a resposta de vários brasileiros era “um Volks-Wenk”.

Volks-Wenks estão por toda parte. Quando da inauguração da capital Brasîlia, Schultz-Wenk mandou fabricar 50 Kombis na versão camping que acabaram sendo usadas como escritórios provisórios para recepção de convidados de honra.(“Um sucesso de relações públicas”). Quando da visita oficial do presidente Lübke ao Brasil, foi o chefe da VW que mandou imprimir 20.000 fotos do presidente alemão junto a milhares de bandeirolas com as cores da Alemanha e as distribuiu entre o povo. (“Ele não vem todo ano, então a gente tem que ter clima de festa”).

Ele conhece todos e não tem quem não o conheça. Não há ministro de estado alemão em visita oficial que não sente à sua mesa, ou ministro do Brasil que não tenha estado em sua casa.

Enquanto a VW do Brasil se desenvolve em indústria-chave que estimula toda a economia, o prestígio do seu chefe sobe tanto que o cardeal arcebispo do Rio de Janeiro o condecora com a comenda "Cavaleiro da Ordem Sagrada". Schultz-Wenk ainda se questiona: “E eu nem católico sou”.

Fusca, esporte e mulheres bonitas.

No auge de seu sucesso ele agora está com 52 anos – jovem ainda para poder desfrutar a vida. Ele gosta do reconhecimento dos poderosos mas gosta mais quando mulheres bonitas o acham atraente. Consciente de seu físico, ele faz dieta, não fuma, bebe socialmente e fica com raiva quando a balança mostra que ganhou um quilo. Golf e tênis ele não joga mais. Mas no jardim de sua casa faz exercícios físicos para manter a forma. (“Um homem de cinqüenta não tem que ter braços flácidos”)

Habilmente ele equilibra trabalho com lazer. Cinco dias da semana são dedicados à fábrica, inclusive noites quando recebe em sua casa para tratar de negócios. Sua companheira e esposa Eta se ocupa para que tudo em casa corra bem. Inteligente e culta, ela dirige seu pessoal com maestria silenciosa.

Os finais de semana o casal Schultz-Wenk passa com os filhos Peter (16), Axel (14) e Christiane (8) em sua fazenda. O chefe da VW a chama de “minha pequena fazenda”, mas se trata de um empreendimento-modelo de cento e oitenta alqueires, 1.200 suínos,10.000 frangos, vacas leiteiras de Holstein . Ele teve que derrubar a mata para formar pastos e terra para plantio. Seu cartão de visita é sua casa que ele construiu junto com a mulher Eta. Tudo foi pensado até o último detalhe. Eta, que é sócia de um antiquário em São Paulo, decorou a casa com antigüidades preciosas, tudo num bom gosto refinado.

Aqui o CEO desliga e recarrega as baterias, mas não sozinho e tranqüilo. O homem até para desligar precisa de agito. Ele adora festas e convidados – quando Fred Ihrt e eu chegamos não fomos os primeiros. Da piscina vinha som de música beat. Os convidados, entre os quais várias mulheres bonitas, se bronzeavam em espreguiçadeiras coloridas, outros jogavam croquet no gramado extenso e ao fundo pastavam cavalos de montaria.

Por volta de meia-noite, enquanto convidados dançavam em frente da generosa lareira vestidos de jeans e pulôveres, chega o Corduan e anuncia: “O governador de São Paulo (Adhemar de Barros) caiu”. A notícia ainda não tinha chegado às emissoras de tevê e rádios. Para o chefe da VW, a notícia era de suma importância. O governador era um amigo da Alemanha e incentivador da fábrica (todos os carros da policia e ambulâncias eram Volkswagen). E a VW do Brasil mantinha estreitas ligações com o governador não só comercias, mas políticas também. Agora ele tinha perdido a batalha pelo poder para o presidente. A ameaça de crise estava no ar.

Bobby Schultz-Wenk largou sua parceira, puxou Corduan para um lado e perguntou: ”Quem será o substituto?" “Roberto Abreu Sodré”, disse Corduan. O chefe da VW respira aliviado “Bom. Também é um amigo nosso”

Em seguida sorrindo disse para mim:” Desde de que chegamos aqui já vimos muitos governos irem e virem e a VW do Brasil continua”.

Fim

Esta história ficou escondida um bom tempo, as vezes não temos idéia do empreendorismo de algumas pessoas, de acreditar que se pode fazer um sonho se tornar realidade, espero que tenham gostado...


Colaboração: Edilson Ap. Carreon - VW do Brasil

2 comentários:

  1. as duas fotos que você indica como sendo a linha de produção da vw são na verdade do galpão alugado no bairro do ipiranga.

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  2. Eu tive a satisfação de fazer parte da família Volkswagen do ano de 1954 ao ano de 1983.Portanto, é com um orgulho muito grande que tive a oportunidade de ter por algumas vezes meu caminho cruzado com o Doutor Schultz Wenk.
    Agenor Nadyr de Lima
    limapioneiro@gmail.com


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